RESUMO DESTE ESTUDO
A CGTP-IN vai realizar no próximo dia 22 de Maio a sua V Conferencia sobre “Igualdade entre Mulheres e Homens”. É uma altura adequada para fazer um pequeno balanço sobre a situação da mulher em Portugal em alguns aspectos: os relacionados com o seu contributo para o desenvolvimento do País (evidentemente não todos), em particular nos 4 anos
Entre 2001 e
Apesar das mulheres representarem ainda menos de metade quer da população activa (46,8% em 2008) quer da população empregada (46,2% em 2008), no entanto, o desemprego feminino correspondia, em
A discriminação que continuam sujeitas as mulheres no campo das remunerações em Portugal é também grande e chocante, sendo revelada pelos próprios dados oficiais. Segundo dados dos quadros de pessoal divulgados recentemente pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, em 2007, cerca de 44,3% das mulheres trabalhadoras empregadas recebiam uma remuneração base inferior a 500 euros, enquanto a percentagem de homens era apenas de 25,1%. Por outro lado, em Abril de 2008, 9,7% das mulheres trabalhadoras recebiam apenas o salário mínimo nacional, o que era mais do dobro da dos homens, pois a percentagem destes que recebiam o salário mínimo nacional, nessa data, era 4,6%
Mas é quando se faz uma análise mais fina com base nas qualificações e na escolaridade que a discriminação a que continuam a ser sujeitas as mulheres se torna ainda mais chocante.
Em 2007, o ganho médio das mulheres era inferior ao do homens, em -30,5% a nível de “quadros superiores”; em -19,5% a nível de “quadros médios”; em -16,0% a nível de profissionais altamente qualificados; em -15,7% a nível de “profissionais qualificados”; em -19,8% a nível de “profissionais não qualificados”; e em -8,3% a nível de “praticantes e aprendizes”. Portanto, a desigualdade de ganhos é tanto maior quanto mais elevada é a qualificação da mulher.
Situação muito semelhante se verifica em relação à escolaridade. De acordo com o Ministério do Trabalho e Solidariedade Social, em 2007, o ganho médio da mulher com o 1º ciclo básico correspondia a 76,6% da do homem a nível de “quadros superiores”; a 71,6% a nível de “quadros médios”; a 86,7% a nível de “profissionais não qualificados”; e a 88,3% a nível de “praticantes e aprendizes. Relativamente a licenciados a diferença de ganhos entre homens e mulheres é ainda maior, pois o ganho médio das mulheres correspondia apenas a 65,7% do ganho médio dos homens a nível de “quadros superiores”; a 76,3% a nível de “quadros médios”; a 86,2% a nível de “profissionais não qualificados” ; e a 86,5% a nível de “aprendizes e praticantes. Portanto, em 2007, quanto mais elevada era a qualificação e escolaridade da mulher maior era a desigualdade de ganhos entre homens e mulheres. A discriminação com base no género também é evidente neste caso.
Mas não se pense que a discriminação a que continua sujeita a mulher actualmente em Portugal se limita à vida activa. De acordo com dados do próprio Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, essa discriminação continua quando a mulher se reforma, e com uma dimensão que não é menor. Em Março de 2009, portanto já este ano, a pensão de invalidez da mulher era apenas de 283,54 euros o que correspondia a 77,1% da do homem (367,93€); e a pensão média de velhice da mulher era, também em Março de 2009,
A CGTP-IN vai realizar no próximo dia 22 de Maio a sua V Conferencia sobre “Igualdade entre Mulheres e Homens”. É uma altura adequada para fazer um balanço, mesmo pequeno para não tornar estudo demasiadamente longo, utilizando os dados oficiais mais recentes, sobre a situação da mulher em Portugal em alguns aspectos: apenas os relacionados com o seu contributo para o desenvolvimento do País (evidentemente não todos), e avaliar como esse contributo é reconhecido. E como se concluirá rapidamente a situação da mulher em Portugal não melhorou durante o
A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NA CRIAÇÃO DA RIQUEZA
A população activa, ou seja, aquela com capacidade produtiva tem aumentado em Portugal devido fundamentalmente ao crescimento da participação da mulher. Por ex., entre 2004 e
QUADRO I – Participação da mulher na produção de riqueza em Portugal, medida através do emprego, de acordo com o nível de escolaridade no período 2001-2008
ANO | Ensino até ao básico | Ensino Secundário | Ensino Superior | % que as Mulheres representam do emprego de acordo com o nível de escolaridade | ||||||
Milhares | Milhares | Milhares | ||||||||
H | M | H | M | H | M | TOTAL | Básico | Secundário | Superior | |
2001 | 2.281,8 | 1.701,9 | 323,0 | 306,3 | 204,8 | 293,7 | 45,0% | 42,7% | 48,7% | 58,9% |
2004 | 2.154,1 | 1.594,5 | 356,3 | 341,6 | 273,8 | 402,6 | 45,7% | 42,5% | 48,9% | 59,5% |
2005 | 2.107,9 | 1.586,9 | 377,5 | 363,4 | 280,0 | 406,9 | 46,0% | 42,9% | 49,0% | 59,2% |
2006 | 2.099,8 | 1.568,3 | 390,6 | 386,7 | 299,3 | 414,8 | 45,9% | 42,8% | 49,7% | 58,1% |
2007 | 2.093,9 | 1.566,2 | 393,2 | 383,4 | 302,2 | 430,8 | 46,0% | 42,8% | 49,4% | 58,8% |
2008 | 2.069,1 | 1.560,3 | 410,5 | 381,2 | 317,4 | 459,2 | 46,2% | 43,0% | 48,1% | 59,1% |
FONTE: Estatísticas do Emprego - 4º Trimestre 2008 – INE |
Entre 2001 e
O DESEMPREGO FEMININO É TANTO MAIOR QUANTO MAIS ELEVADA É ESCOLARIDADE TENDO AUMENTADO MUITO COM ESTE GOVERNO
Em 2008 as mulheres representarem menos de metade da população empregada, no entanto elas representavam muito mais de metade do total dos desempregados e a percentagem tem aumentado nomeadamente nos níveis de escolaridade mais elevada, como revela o quadro seguinte, construído com dados do INE.
QUADRO II – Desemprego de acordo com género por níveis de escolaridade. 2004/2008
RÚBRICAS | 2004 | 2005 | 2008 | Variação |
Percentagem do desemprego das mulheres no | 2004-2008 | |||
No desemprego total | 52,7% | 53,1% | 54,5% | +3,5% |
No desemprego com o ensino básico | 50,1% | 50,4% | 50,2% | +0,2% |
No desemprego com o ensino secundário | 57,4% | 58,2% | 59,0% | +2,8% |
No desemprego com o ensino superior | 64,1% | 64,1% | 71,4% | +11,3% |
FONTE : Estatística do Emprego - 4º Trimestre de 2008 – INE Em 2004 as mulheres representavam 45,7% da população empregada e, em 2008, 46,2%. No entanto, o desemprego feminino representava 52,7% do desemprego total em 2004, e 54,5% em 2008. Se a análise for feita por níveis de escolaridade, conclui-se que, em 2004, o desemprego feminino representava 50,1% dos desempregados com o ensino básico ou menos; 57,4% dos desempregados com o ensino secundário; e 64,1% com ensino superior. Portanto, a percentagem era tanto maior quanto mais elevada era a escolaridade. Se analisarmos a evolução verificada no período 2004-2008, ou seja, o período de funções do actual governo, conclui-se que a situação da mulher agravou-se ainda mais. Assim, em 2008, as mulheres representavam 50,2% dos desempregados com o ensino básico, 59% dos com o ensino secundário, e 71,4% dos com o ensino superior. A DESIGUALDADE DE GANHOS ENTRE HOMENS E MULHERES CONTINUA A SER TANTO MAIOR QUANTO MAIS ELEVADA É A QUALIFICAÇÃO Uma outra forma de desigualdade de género que não tem diminuído em Portugal é a nível de ganhos. A analise dos ganhos dos trabalhadores de acordo com as qualificações revela que a desigualdade é tanto maior quanto mais elevada é a qualificação, como revela o quadro seguinte, construído com dados dos quadros de pessoal divulgados pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social. QUADRO III – Variação do ganho médio por qualificações, e dentro destas por género: 2004/2007
Em 2004, o ganho médio das mulheres era inferior ao do homens, em -26,9% a nível de “quadros superiores”; em 17,6% a nível de “quadros médios”; em -16,1% a nível de “profissionais altamente qualificados”; em -14,8% a nível de “profissionais qualificados”; em -20,8% a nível de “profissionais qualificados”; em -15,3% a nível de “profissionais não qualificados”; e em apenas -6,8% a nível de “praticantes e aprendizes. Portanto, a desigualdade de ganho era tanto menor quanto mais baixa fosse a qualificação. Em A DESIGUALDADE DE GANHOS ENTRE HOMENS E MULHERES CONTINUA A SER TANTO MAIOR QUANTO MAIS ELEVADO É O NÍVEL DE QUALIFICAÇÃO E DE ESCOLARIDADE |
Desigualdade de ganhos entre homens e mulheres também se verifica com base na escolaridade. O quadro seguinte, construído com dados do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social dos quadros de pessoal, revelam isso.
QUADRO IV – Ganho médio por nível de qualificação, e dentro destes por género – Em euros - 2007
Trabalhadores (as) por niveis de habilitação | QUADROS SUEPERIORES | QUADROS MÉDIOS | Profissionais não Qualificados | Praticantes e aprendizes | ||||||||
GANHO MÉDIO MENSAL Euros | % Ganho da Mulher em relação Homem | GANHO MÉDIO MENSAL Euros | % Ganho da Mulher em relação Homem | GANHO MÉDIO MENSAL Euros | % Ganho da Mulher em relação Homem | GANHO MÉDIO MENSAL Euros | % Ganho da Mulher em relação Homem | |||||
Homem | Mulher | Homem | Mulher | Homem | Mulher | H | M | |||||
1º Ciclo Ensino Básico | 1.270 | 972 | 76,6% | 1.221 | 874 | 71,6% | 593 | 514 | 86,7% | 540 | 477 | 88,3% |
2º Ciclo Ensino Básico | 1.259 | 987 | 78,4% | 1.266 | 998 | 78,8% | 610 | 511 | 83,7% | 537 | 479 | 89,2% |
3º Ciclo Ensino Básico | 1.831 | 1.278 | 69,8% | 1.595 | 1.257 | 78,8% | 637 | 529 | 83,1% | 552 | 500 | 90,4% |
Ensino Secundário | 2.515 | 1.555 | 61,8% | 1.919 | 1.386 | 72,2% | 678 | 548 | 80,8% | 609 | 554 | 90,9% |
Bacharelato | 3.018 | 1.934 | 64,1% | 2.004 | 1.528 | 76,2% | 663 | 575 | 86,7% | 788 | 697 | 88,5% |
Licenciatura | 3.115 | 2.047 | 65,7% | 2.070 | 1.580 | 76,3% | 696 | 600 | 86,2% | 857 | 741 | 86,5% |
FONTE: GEP do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social - Quadros de Pessoal
De acordo com os dados dos quadros de pessoal, em 2007, o ganho médio das mulheres com o 1º ciclo básico correspondia: a 76,6% do ganho dos homens a nível de “quadros superiores”; a 71,6% a nível de “quadros médios”; a 86,7% a nível de “profissionais não qualificados”; e a 88,3% a nível de “praticantes e aprendizes. E relativamente aos licenciados a diferença de ganhos entre Homens e Mulheres é ainda maior, pois o ganho médio das mulheres correspondia apenas a 65,7% do ganho médio dos homens a nível de “quadros superiores”; a 76,3% a nível de “quadros médios”; a 86,2% a nível de “profissionais não qualificados” ; e a 86,5% a nível de “aprendizes e praticantes. Portanto, em 2007, quanto mais baixa era a qualificação e o nível de escolaridade menor era a desigualdade de ganhos entre Homens e Mulheres; e, inversamente, quanto mais elevada era a qualificação e escolaridade das mulheres maior era a desigualdade de ganhos entre homens e mulheres. Portanto, a discriminação com base no género continua a ser clara neste campo.
A DESIGUALDADE DE GÉNERO PERPETUA-SE NA REFORMA
A desigualdade de género não se verifica-se apenas durante a vida activa das trabalhadoras, ela perpetua-se na reforma como revelam os dados do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social de 2009 constante do quadro seguinte.
QUADRO V – Pensão media de invalidez e de velhice da Segurança Social – Março de 2009
DESIGNAÇÃO | Nº Pensionistas | PENSÃO MÉDIA - Euros | % PENSÃO DA MULHER REPRESENTA | ||
Homem | Mulher | Homem | Mulher | DA PENSÃO DO HOMEM | |
INVALIDEZ | 151.241 | 150.725 | 367,93 | 283,54 | 77,1% |
VELHICE | 855.263 | 974.769 | 490,93 | 292,12 | 59,5% |
FONTE: Ministério do Trabalho e Solidariedade Social |
De acordo com o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, em Março de
Economista
20.5.2009
NOTA: Encontram-se disponíveis mais estudos sobre a desigualdade de género em Portugal no “site” www.eugeniorosa.com na pasta “Situação da mulher”
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