O QUE A AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA DEVIA TER FEITO MAS NÃO FEZ, SENDO ASSIM CONIVENTE COM LUCROS QUE RESULTAM DA ESPECULAÇÃO NO MERCADO
RESUMO DESTE ESTUDO
A Autoridade da Concorrência (AdC) acabou de apresentar o seu relatório sobre a formação dos preços dos combustíveis em Portugal. O cálculo dos preço dos combustível à saída da refinaria por parte das petrolíferas ( o chamado “pricing”) não se faz adicionando os custos suportados pela produção do combustível, que inclui o preço da matéria prima, que é o petróleo, e todos os custos de refinação, somando depois uma margem
O que a Autoridade de Concorrência devis ter feito, mas não fez, era analisar se a adopção deste tipo
Na produção dos combustíveis nas suas refinarias, a GALP utiliza petróleo adquirido, em média, 2,5 meses antes, portanto a preços mais baixos, o que permite que obtenha elevados lucros extraordinários. Em Portugal, entre Dezembro de 2007 e Maio de 2008, de acordo com a Direcção Geral de Energia do Ministério da Economia, o preço da gasolina 95 aumentou 9,6%; do gasóleo 19,9%, do gasóleo colorido 29,6% ; e do gasóleo de aquecimento 30,3%. Como o petróleo utilizado na produção dos combustíveis vendidos em Maio de 2008 foi o adquirido em Março de 2008, isto significa que o preço do petróleo utilizado aumentou apenas 6,9% em euros, pois foi esta a subida verificada entre Dezembro de 2007 e Março de 2008. É esta disparidade que permite às petrolíferas embolsarem elevados lucros à custa dos portugueses, que a Autoridade da Concorrência devia ter analisado, mas não o fez.
Em Maio de 2008, os preços dos combustíveis em Portugal eram superiores aos preços médios da UE15, que é constituída pelos países mais desenvolvidos da União Europeia, em cerca de 2% (Gasolina95: +2,4%; gasóleo: +2%; Todos os combustíveis : +2,2%). Por outras palavras , Portugal é o país menos desenvolvido deste grupo de 15 países, com remunerações e rendimentos mais baixos, no entanto os preços a que são vendidos os combustíveis em Portugal são superiores aos preços médios da UE15. É estranho que a Autoridade da Concorrência não tenha encontrado nada de anormal neste disparidade de preços sem impostos, e afirme que “entende não existirem também indícios de uma prática de preços excessivos” (pág. 78 do Relatório da AdC). Tudo isto é estranho, muito estranho mesmo, e carece de uma explicação muito clara. O governo ao aprovar este Relatório da AdC está também a ser conivente com toda esta situação.
A Autoridade da Concorrência (AdC) acabou de apresentar o seu relatório sobre a formação dos preços dos combustíveis em Portugal. E como tínhamos previsto em estudo anterior, o relatório acaba por branquear as petrolíferas, e o aproveitamento que estão a fazer da especulação no mercado internacional do petróleo e dos refinados para inflacionarem os seus lucros à custa dos consumidores portugueses. E isto porque o relatório não analisa a principal causa do aumento dos preços dos combustíveis, que é a formação dos preços até à saída das refinarias, e não após os combustíveis terem saído destas, como a AdC e o governo pretendem fazer crer.
Como explicamos em estudo anterior, o cálculo dos preços dos combustíveis à saída das refinarias por parte das petrolíferas ( o chamado “pricing”) não se faz adicionando os custos suportados pela produção do combustível, que inclui o preço da matéria prima, que é o petróleo, e todos os custos de refinação, somando depois uma margem
Os preços da semana anterior do mercado de Roterdão, que servem à GALP para estabelecer os preços dos combustíveis à saída da refinaria, incluem uma dupla especulação: a que está sujeita o preço do barril de petróleo, e a que estão sujeitos os preços dos produtos refinados (os combustíveis). Era precisamente o fundamento da adopção deste tipo
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O QUE A AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA DEVIA TER FEITO MAS NÃO FEZ
Na pág. 77 do seu relatório, no capitulo com o titulo “Conclusões e Recomendações” a Autoridade da Concorrência afirma: “No que respeita ao PVP (Preço de Venda ao Público) antes de impostos, os preços nacionais à saída da refinaria reflectem a evolução dos preços CIF do mercado de Roterdão (plataforma Plats NWE)”, E acrescenta logo a seguir: “não é possível concluir que os aumentos dos PVP (Preços de Venda ao Público) antes de impostos dos combustíveis líquidos observados desde o inicio do ano corrente, tenham uma origem nacional”.
No entanto, o que a Autoridade de Concorrência devia ter feito, mas não fez, era analisar se a adopção deste tipo
O PETRÓLEO UTILIZADO NA PRODUÇÃO DOS COMBUSTIVEIS É ADQUIRIDO PELA GALP, EM MÉDIA, 2,5 MESES ANTES, PORTANTO A PREÇOS MAIS BAIXOS
Na produção dos combustíveis nas suas refinarias, a GALP utiliza petróleo adquirido, em média, 2,5 meses antes, portanto a preços mais baixos, o que permite à GALP embolsar elevados lucros extraordinários que, como mostramos, no estudo anterior sobre os combustíveis, aumentaram, entre 1º Trimestre de 2007 e o 1º Trimestre de 2008, em 228,6% , pois passaram de 21 milhões de euros para 69 milhões de euros.
O quadro seguinte, construído com dados da Direcção Geral de Energia, mostra a diferença entre o aumento verificados nos preços dos combustíveis nos primeiros 5 meses de 2008, e a subida registada no preço do petróleo utilizado para produzir esses combustíveis.
QUADRO I –Aumento dos preços dos combustíveis em Portugal nos primeiros 5 meses de 2008 e subida do preço do petróleo utilizado na produção dos preços dos combustíveis
Dia/mês/ano | Gasolina s/ chumbo 95 Euros/litro | Gasóleo Rodoviário Euros/litro | Gasóleo colorido e Marcado Euros/litro | Gasóleo de aquecimento Euros/litro | MÊS/ANO | PETRÓLEO Euros barril |
28.12.2007 | 1,358 | 1,179 | 0,782 | 0,831 | Dez-07 | 62,46 |
25.01.2008 | 1,369 | 1,178 | 0,768 | 0,861 | Jan-08 | 62,49 |
29.02.2008 | 1,401 | 1,223 | 0,831 | 0,916 | Fev-08 | 64,45 |
28.03.2008 | 1,382 | 1,256 | 0,855 | 0,909 | Mar-08 | 66,78 |
25.04.2008 | 1,416 | 1,290 | 0,895 | 0,957 | Abr-08 | 69,23 |
30.05.2008 | 1,489 | 1,413 | 1,013 | 1,083 | Mai-08 | 78,89 |
Maio08/Dez07 | +9,6% | +19,9% | +29,6% | +30,3% | Mar08-Dez07 | + 6,9% |
FONTE: Direcção Geral de Energia - Ministério da Economia |
Em Portugal, entre Dezembro de 2007 e Maio de 2008, de acordo com a Direcção Geral de Energia do Ministério da Economia, o preço da gasolina 95 aumentou 9,6%; do gasóleo 19,9%; do gasóleo colorido 29,6% ; e do gasóleo de aquecimento 30,3%. Como petróleo utilizado na produção dos combustíveis vendidos em Maio de 2008 foi o adquirido em Março de 2008, isto significa que o preço do petróleo utilizado aumentou apenas 6,9% em euros, pois foi a subida verificada entre Dezembro de 2007 e Março de 2008. É esta disparidade que permite às petrolíferas embolsarem elevados lucros à custa dos portugueses, que a Autoridade da Concorrência devia ter analisado, mas não o fez.
EM MAIO DE 2007, OS PREÇOS DOS COMBUSTIVEIS SEM IMPOSTOS
Como revela o quadro seguinte, construído com dados divulgados pela Direcção Geral de Energia do Ministério da Economia, os preços
QUADRO II – Preços dos combustíveis sem impostos nos países da U.E. em Maio de 2008
PAÍS | Gasolia95 | Gasóleo | Inclui todos os combustíveis |
PE - Euros | PE- Euros | PE – Euros | |
Grécia | 0,624 | 0,756 | 0,690 |
Espanha | 0,605 | 0,722 | 0,663 |
Luxemburgo | 0,623 | 0,738 | 0,681 |
Aústria | 0,577 | 0,687 | 0,632 |
Irlanda | 0,554 | 0,663 | 0,609 |
França | 0,571 | 0,688 | 0,630 |
Suécia | 0,524 | 0,679 | 0,602 |
PORTUGAL (PT) | 0,603 | 0,721 | 0,662 |
Itália | 0,629 | 0,753 | 0,691 |
Alemanha | 0,557 | 0,673 | 0,615 |
Bélgica | 0,605 | 0,729 | 0,667 |
Dinamarca | 0,570 | 0,706 | 0,638 |
Finlândia | 0,557 | 0,665 | 0,611 |
Reino Unido | 0,554 | 0,663 | 0,609 |
Holanda | 0,676 | 0,755 | 0,716 |
MÉDIA UE-15 | 0,589 | 0,707 | 0,648 |
% PT > UE15 | 2,4% | 2,0% | 2,2% |
FONTE: Direcção Geral de Energia - Ministério da Economia |
Em Maio de 2008, os preços dos combustíveis em Portugal eram superiores aos preços médios da UE15, que é constituída pelos países mais desenvolvidos da União Europeia, em cerca de 2% (Gasolina95: +2,4%; gasóleo: +2%; Todos os combustíveis : +2,2%). Por outras palavras , Portugal é o país menos desenvolvido deste grupo de 15 países, com remunerações e rendimentos mais baixos, no entanto os preços a que são vendidos os combustíveis em Portugal são superiores aos preços médios da UE15. É estranho que a Autoridade da Concorrência não tenha encontrado nada de anormal neste disparidade de preços sem impostos, e afirme que “entende não existirem também indícios de uma prática de preços excessivos” (pág. 78 do Relatório da AdC). Tudo isto é estranho, muito estranho mesmo, e carece de uma explicação muito clara. O governo ao aprovar este Relatório da AdC está também a ser conivente com toda esta situação.
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