segunda-feira, julho 31, 2006

Pérolas a porcos II

Longe de querer meter o bedelho nas opções de particulares que estão a fazer pela vida, a questão que eu pretendia colocar, foi despoletada pela leitura do editorial da revista "Arquitectura e Vida", de José Charters Monteiro, e que vou transcrever um bocado.
"Percorrer o território português "visto do céu ou visto do chão" constitui, desde há bem quatro dezenas de anos, uma experiência que nos exige memória e adaptação, capacidade para encontrar-mos referências e, assim, reconhecer-mos o que vemos, identificar um território sempre diferente. Após o esforço inicial na leitura das modificações, por vezes bem profundas e em substituição da identidade dos lugares, interrogamo-nos sobre o sentido e o porquê do que vemos, na tentativa de procurar perceber as próximas, parece que inevitáveis e mais drásticas, alterações. Da leitura, não resultam paisagens urbanas mais ricas, pelo contrário, somos tomados por uma noção de perda, incómoda por nela participar-mos à força, democraticamente impotentes, por ser-mos cúmplices de um empobrecimento colectivo que se realiza com os recursos estratégicos de todos, desbaratando trabalho, meios materiais, que se jogam em contínuo, sem ciência nem arte, sem economia nem beleza. A publicação da obra "cidade e Democracia - 30 anos de transformação urbana em Portugal" vem documentar factualmente e tornar público, aquilo que a experiência directa de muitos milhões de portugueses já havia constatado: a transposição, na forma do território português, da inconsistência política, ética, técnica e cultural, operada por muitos responsáveis eleitos em sussecivos actos eleitorais nestes trinta anos de democracia. Dir-se-á que a produção deste território vergonhoso que é Portugal se deve à população em geral. Pareceria que sim, já que um território é o retrato de quem o habita e transforma. Mas não é, porque há uma responsabilidade especial, democraticamente delegada nos sucessivos governos, nas administrações autárquicas (três centenas de câmaras e mais de três mil freguesias) a par da responsabilidade activa, insistentemente "propositiva", de alguns milhares de portugueses que promovem a promoção de semelhante território e que estão organizados em empresas de construção, imobiliárias, instituições bancárias, todos fortemente influentes na fileira do sector que transforma o território e que é a mais importante do país."
Ou seja, todos temos culpa do estado a que as coisas chegam, ou chegaram. Todos os pequenos silêncios que alimentamos e com os quais pactuamos, são os principais responsáveis pelo estado das coisas. Somos todos nós os porcos a que se refere o ditado que eu usei.
De quem é então a culpa do estado a que chegou o "Fernão Duque"? Para mim, fundamentalmente da falta de fiscalização dos serviços responsáveis pelos Rios e ribeiras (construções dentro do leito, alterações das margens, falta de limpeza, ruina eminente com prejuízo de terceiros, etc), falta de fiscalização dos serviços da Câmara Municipal, responsáveis pelo licenciamento, fiscalização, punição e por vezes ordens de demolição de obras, que não actuam, o que leva a pensar (infelizmente) que pactuam, Autoridades de polícia, que não fiscalizam os estabelecimentos abertos ao público, Juntas de freguesia que deixam os particulares apropriar-se de bens públicos (neste caso falo directamente da fonte, e do espaço da ponte para fazer explanada esquecendo que uma ponte é uma passagem e que isso quer dizer que tem que estar desimpedida. Sobre a construção de anexos sobre o que já era domínio público - aí a junta também devia ter usado os seus direitos, na figura do uso Capião por exemplo - não tenho elementos suficientes para me pronunciar mas parece-me de legalidade duvidosa).
O que eu gostava que tivesse acontecido no Fernão Duque.
Alguém com gosto, sensibilidade, bom censo e o dinheiro suficiente para elaborar e levar avante um projecto de turismo no espaço rural, que não sendo predador do espaço, antes potenciasse as qualidades do sítio. Alguém que, criando as infra-estruturas mínimas de uma praia fluvial, sem novas riquices ou betão a mais, tornasse o lugar, um dos possíveis oásis na desertificação humana, cultural, económica e de valores que está a atacar todo o interior. É a minha opinião.
É pedir de mais?
Possivelmente sim.
João Pereira

6 comentários:

Anónimo disse...

“Pedir de mais” é ver que uma pessoa como Sua Excelência João Pereira, Artista da Terra compactuar com “o falar mal de tudo e todos”.
Estou a ser radical?
Sim, estou! Da mesma forma que o Senhor o foi.
É triste perceber mais uma vez que na nossa querida terra só se fala mal de quem por ela faz alguma coisa.
Concordo inteiramente com a citação que fez, de facto “percorrer o território português …constitui, …, uma experiência que nos exige memória e adaptação”, aos “abortos” que se construíram e às grandes obra que se destruíram.
No entanto, na minha humilde opinião (e pelo pouco que percebo de arte, que provavelmente não será tão pouco como possa pensar, porque se calhar há mais pessoas na terra a estudar os livros de arte que o Senhor estudou), não me parece que o Fernão Duque tenha sido “vítima” desses maus-tratos a que se refere.
Este estabelecimento que está aberto ao público trouxe a Casegas muitas pessoas que nem sequer sabiam que esta linda aldeia existia. Isso é mau?
Quanto à fonte e à ponte, referida por si, continuam lá, quem quer delas usufruir pode fazê-lo sem qualquer impedimento. Espanta-me o Senhor, que apenas nos últimos tempos, se tem visto mais por Casegas vir reclamar espaços do “domínio público”. Os que na nossa aldeia habitam não me parece que estejam incomodados, mas se estiverem diga-me.
Quanto ao seu sonho, parece-me bem, bastante bem!
Já agora, se me permite, faço-lhe uma sugestão, já que possui “gosto, sensibilidade, bom censo…para elaborar e levar avante um projecto de turismo no espaço rural, que não sendo predador do espaço, antes potenciasse as qualidades do sítio”, invista em Casegas ou quem sabe no Fernão Duque. Casegas e os caseguenses irão agradecer, e com certeza veria um busto ou estátua (feita por si) edificada num lugar de destaque (a designar) na nossa querida aldeia.
Só mais uma dúvida, no meio de tanto patriotismo pela sua Terra Natal, permita-me que lhe pergunte:
- O QUE É QUE JÁ FEZ POR CASEGAS E PELOS CASEGUENSES?

Esta é apenas a minha opinião!
E não é pedir de mais…

Já agora vale a pena pensar nisto: “Os cães ladram e a caravana passa.”

atumnespereira disse...

Se fazer com que as pessoas falem das coisas não é nada, então eu não fiz nada. Mas olhe durante vários anos fiz teatro, fiz exposições, colaborei quando me foi pedido, por exemplo quando a Capela das almas caíu. Fui a única vóz que se levantou na igreja contra o aborto que o Sr. padre Serra alí pariu e podia continuar. Quando o senhor diz que concorda com o artigo citado e depois vem com esta conversa de perguntar o que é que eu fiz, ou não percebeu o que leu, ou se percebeu, é dos que assobia para o lado. Além do mais, está a ver coisas que não estão no artigo. Primeiro, eu referí-me ao Fernão Duque como uma pérola, e efectivamente ele é para mim uma pérola, desaproveitada, abandonada, e nem por uma vez me referí ao estabelecimento comercial alí instalado, Se vir as fotografias, ao que eu me estava a referir, era a paredes caidas, azona da frága alta, cheia de escombros e a todo um rol de etcéteras. As respostas a esse post, foram de tal ordem que me pediram para eu me referir ao estabelecimento em causa. Inicío o artigo dizendo que não tenho nada contra a que as pessoas façam pela sua vida e portanto nada tenho contra o aproveitamento de um equipamento industrial para outro fim que não o para que foi feito. Se reparar, aquilo contra o que eu me insurjo, é contra as autoridades. Contra o Sr. César, a este respeito não tenho nada a dizer. Todo o meu segundo artigo foi elaborado, exactamente, para que não ocorrece a ninguém que estava interessado em ataques pessoais. Foi isso também que me levou a colocar um asterisco no título e a explicar em nota de pé de página o porquê do título. Foi isso, que me levou no segundo artigo a reexplicar que se havia porcos nesta história do desordenamento territorial, eramos todos nós portugueses. Não viu isso? tenho pena.
Sobre se eu estaria interessado em desenvolver um projecto de turismo no espaço rural, o que lhe tenho a dizer, é que esse tipo de projectos não vão com amadorismos e que exigem qualidades, tanto em termos de formação, como de vocação que eu não tenho. Mas como me concidero uma pessoa sensata, tento não dar um passo maior do que a perna. Se reflectir um pouco mais fundo do que a rama, verá que o que está na base de tal desordenamento é fundamentalmente a deficiente formação da maioria dos portugueses para o cargo ou função que desempenham. O senhor está conformado, detesta ouvir estas verdades, tenho pena que assim seja. Tenho pena que concidere a verdade um ataque, tenho pena de a maioria dos administradores das emprezas de portugal não ter a formação que deveriam ter (só uma muito pequena minoria tem formação superior e dos que a Têm só outra minoria a tem em gestão). Tenho pena que concidere o betão desenvolvimento. Mas pelo menos estou satisfeito com uma coisa. Discordou da minha opinião e não ficou pela trica de café, pelo diz que diz. É motivo de esperança, para mim, esta sua intervenção. É sinal de que este blog, pode ser o Forum da Polis de que todos gostamos. Os que dizem mal, gostam tamto ou mais do que os que dizem amén. Os únicos que não gostam são os eternos Que-querem-estar-bém-com-Deus-e-com-o-Diabo, que não se comprometem, que não dão a cara, para quem tudo está sempre bém, quando estão em sociedade, e tudo está sempre mal, quando em particular. Os indiferentes. Porra para os indiferentes.
Espero que tenha um bom dia.

P.S.
(sobre a questão da formação, é só para dizer que tenho 42 anos e ainda ando na escola a aprender. Tenho a perfeita noção de que não sei nada.)

atumnespereira disse...

Já agora, outro pormenor, de que não tinha falado, mas que estava na minha mente quando me estava a referir ao Fernão Duque, é a questão do assoreamento. Infelizmente as imagens que pudessem das essa idéia não existiam. Mas quem conheceu o Fernão Duque e conhece um pouco a ribeira sabe o porqê desse assoreamento. O chamado açude das courelas do Chão do Muinho, é aquilo que se chamava de açude temporário. Ou seja, só tem direito a ser construido no início da época de regadio e tem que ser destruido depois. De à muitos anos a esta parte, até porque quem continua a fazer agricultura em Casegas são os menos jovens, o açude não é demolido. Isso tem impedido que os inertes se desloquem e isso é a causa do espaço do Fernão Duque estar hoje assoreado. Possivelmente bastava desfazer todos os anos o açude para passado algum tempo se poder saltar da ponte como se fazia antes.
(Não vão dizer que estou a fazer um ataque ao sr. Cesar pois não?) è que há pessoas que vêm ataques em tudo...
P.S.
Já agora, gostava de saber, se uma hambulância nessecitar de ir ao outro lado por qualquer eventualidade, se pode passar entre tanto mobiliário (estou a referir-me ao de cimento claro está), Não sei se ainda se recordam do incêndio do Chiado com os carros dos bombeiros a não poderem subir a rua devido ao excessivo "mobiliário" que a mobilava. Estamos a falar de bom senso e não a atacar. Aliás, se as pessoas tivessem bom senso, teriam escrúpulos de actuar dessa forma. Quando isso ocorre, as autoridades existem para repor a ordem, quando isso não ocorre, estamos em Portugal.

Anónimo disse...

ó ganhão, é pedir demais ficares calado em vez de falares do q ñ sabes ou nunca viste?

Anónimo disse...

ó ganhão, para além do pessoal da câmara que vai ás patuscadas e dos putos emigrante a apanhar altas bezanas, que pessoal é q o establecimento traz para a terra? Andas mmo ceguinho man!
Tu deves perceber tanto de arte como eu de capar porcos.
Por acaso tens a chave da casota que encerrou a fonta PUBLICA!!?
Então pra ti como dizia axo q era o almocreva, ñ se afundou o leito da ribeira, ñ foi a comporta à ribeira abaixo, os pais pode para lá ir com os putos como antigamente etc, etc, etc.
Só por curiosidade...Teclas de onde?
Marte?

Anónimo disse...

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