sexta-feira, julho 07, 2006

AMEMOS CASEGAS. DESONRA É NÃO AMAR



Referindo-se à actual crise e à sua vivência real, António Paulouro Neves, distinto Director do Jornal do Fundão de quem sou assinante há trinta e tal anos, afirma em artigo de 29 de Junho, de que se instalou em Portugal “um nacional – cepticismo que o ambiente social, de norte a sul, não deixa de amplificar em queixumes e não sei quantas mil desgraças com impacte real no quotidiano”.
Constatando efectivamente que sendo a crise à escala mundial, em Portugal, devido fundamentalmente a debilidades próprias, específicas, a angústia parece ser dado adquirido e persistente. No caso concreto português os horizontes estão hoje cerrados para muitos de nós. O número dos que andam zangados com o país cresce a olhos vistos. E quem acaba por sofrer muito mais são sempre os mais jovens, os que procuram o primeiro emprego.
E convirá novamente aqui relembrar o jornalista: “ não admira, por isso, que os portugueses dêem expressão a uma certa neurose colectiva que, para além dos seus fundamentos contestatários, desenvolve sobretudo um, certo demissionismo cívico, visível tantas vezes na indiferença com que se encaram as questões da sociedade e outras num silencio que mal esconde uma auto-fagelação mítica.”
Digo eu agora, Caseguenses, não nos deixemos abater por este “ nacional – cepticismo”. Com tamanho nevoeiro, sebastânico, à nossa frente, urge que não nos demitamos do dever cívico de, como cidadãos, denunciar o que não está correcto. E vós sabeis, nós sabemos que esses desmandos têm já história e continuam no país, na nossa terra. Muitas das nossas cidades e aldeias estão a ser maltratadas pela incompetência, por gente medíocre. Devemos estar atentos ao caciquismo e fazer a denúncia do nacional porreirismo. Nós não podemos desperdiçar mais tempo. É necessário começar a congregar forças em Casegas para que a tacanhez e o conservadorismo retrógrado seja vencido.
Num país como o nosso em que a realidade muitas vezes mais parece estar ausente, perante um país que continua conquistado, e sempre e ainda à beira mar plantado, nós sabemos quanto custa a liberdade e quão doloroso é para nós o sonho sonhado, que, sempiterno, por adormecido, misteriosamente continua por não ser cumprido.
Em tempo deveras controverso, como o que atravessamos hoje, é importante que saibamos não ter medo, e ser fortes, resistindo, porque, e como disse Camilo José Cela, " resistir é vencer.” Urge que em Casegas todos se mobilizem, nomeadamente os mais jovens, e que tomemos consciência dos problemas da nossa aldeia que não queremos ver a mais morrer. É importante que se discutam ideias e se proponham soluções. É necessário que não se desista.
Amemos Casegas. Desonra é não amar.

E valará a pena finalizar com a filosofia sempre sábia de Manuel Alegre, que dirigindo-se a outra grande poetisa, em carta, diz a SOFIA:

“Talvez a própria vida seja isto
Passar montanha e mar sem se dar conta
De que o único sentido é procurar.
Como os Índios do seu poema eu não desisto
Sou um Português errante a caminhar
Em busca do País que não se encontra”.

Do Tonho, filho de outro Tonho, o Tonho Alves

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