quinta-feira, junho 01, 2006

Cruzeiro, fontes, direitos de autor e egos inchados






mandam as regras da deontologia, que sempre que se copia alguma obra e se substitui um original por uma cópia, se diga que estamos perante uma cópia feita em tal data para substituir o original de determinado autor, por este, original, se encontrar em estado de não poder ser recuperado. Também deve ser indicado o nome da(s) pessoa(s) que efectuou a cópia. Mandam as regras do bom senso que não se devem reinaugurar obras. às pessoas com o ego maior do que o mundo deve pedir-se-lhes que façam novo, que não inaugurem velho.
No caso do Cruzeiro:
O cruzeiro original, era o cruzeiro que marcava o cimo do cemitério velho (no lugar onde hoje é a Casa do Povo), junto ao muro do alvar (onde hoje estão os baloiços) e era junto dele, numas pedras que ali estavam para o efeito, que se pousava a tumba e se resava o último "Pai Nosso" por alma do defunto antes deste recolher à terra(informações do meu primo Joaquim Vaz). Quando da construção do camitério novo, o portão velho foi para o novo e o cruzeiro foi para o adro para marcar o lugar onde tinha sido a igreja. Ali permaneceu, em cima de uns degraus de cimento e pedra, até que num dia de festa, já nos anos sessenta, atarem uma corda à parte de cima do cruzeiro, para porem um toldo a fazer sombra à banda. Durante a festa, um rapaz pendurou-se na corda e o cruzeiro desmoronou-se. As pedras do cruzeiro foram para junto do cemitério, onde foram sendo, aos poucos, saqueadas para portas de forno e alambiques. Sempre se falou em recuperar o cruzeiro, mas nunca se havia conseguido juntar vontades e dinheiro para tal. O cruzeiro tal como está, deve-se à vontade da Fernanda, mais do que a todas as Juntas passadas, presentes e futuras. Sobre este cruzeiro, só posso dizer que está bem, mas devia-se ter tido mais cuidado com alguns pormenores. A localização anterior tinha que ver com o centro da antiga igreja que se quiz assinalar e não com o centro do largo. Ele neste momento é simplesmente decorativo. Os trifólios que marcam o final dos braços da cruz foram feitos noutra pedra e colados e não há colas de pedra que durem sempre (eu tinha dito à comissão para terem cuidado ao fazerem a encomenda que era possivelmente isso que eles iam fazer mas que não quizessem e que puzessem no contrato que as pedras tinham que ser inteiriças)podem vir a dar problemas com o tempo. Quanto aos degraus, fizeram bem em não fazer de cimento como os originais e usar as pedras que sobraram da demolição da capela de Santo António. Escusava-se a placa de inauguração, ou a colocar-se alguma coisa que se tivesse optado pela parte de trás.
No caso das Fontes:
Que se recupere o que está degradado, é mister que uma Junta de Freguesia deve empreender sem desculpas e sem tentativas de louros. Só está a cumprir a missão para que foi eleito. Está tudo bem? Pela amostra nem tudo está bem. O verde dos azulejos antigos era outro (era um verde escuro, sendo as gradações de claro escuro obtidas pela diluição da tinta e não pela aplicação de outro verde mais claro, como os azulejos da igreja que são de um só azul, Aliás seguindo a tradição da azulejaria antiga ) e não tinha mistura de outras cores.
Estes novos, não indicam que são uma cópia, o que é grave. Estarem assinados e com o nome da fábrica já não é mau, o que lhes dá mau nome é dizerem que foram eles que fizeram (quando foi um artista em 1949). Outro aviso: são azulejos para interior ou são azulejos preparados para exterior? Se são azulejos para interior o que se vai passar é que o frio do inverno e as infiltrações de àgua vão, com o tempo, destacar a camada de pintura vidrada e esta vai saltar, como se vêm em várias varandas de Casegas. Já agora, esqueça a placa de inauguração, até porque a fonte tem escrito nos azulejos a data de 1949.
P.S.
Se por acaso lhes passou pela ideia de mudar o nome à Rua da Eira para a novel Alameda Carlos Pinto, lembro-lhes um episódio que se passou em casegas a seguir ao 25 de Abril de 1974. No tempo da outra senhora, resolveram as cavalgaduras da Covilhã vir a dar nomes às ruas de Casegas. Todas as figuras, figurinhas e figurantes do regime tiveram direito a rua, quelha ou beco. Já no tempo da LIBERDADE, juntaram-se os poucos músicos que ainda restavam da antiga banda e com o povo deram uma ruada e por onde passaram as placas foram partidas voltando as ruas a ter os nomes que sempre haviam tido. Fica para lembrança que a única placa do antigo regime que se mantém é a Rua Monsenhor Alves Brás, por motivos obvios. Para bom entendedor...

8 comentários:

MUL@ disse...

Isso, agora imagine-se se o Autor tem herdeiros, vai ser lindo vai, n devem saber o que são direitos de autor, enfim....para não falar da aberração de cores, de facto +arece que foram lá coladas folhas de alface....enfim....
QUEM NÃO SABE PERGUNTA, A QUEM SABE!

atumnespereira disse...

Em Casegas, o ditado é "se não sabes porque é que perguntas"

MUL@ disse...

Porque é que Não perguntas, não será assim Atum?

MUL@ disse...

Oh Becas sai do meu caminho, desgruda, porque apareces tu? Diz lá? Não tens nada que fazer, vai à procura da fábrica que fez os azulejos originais da fonte, anda faz alguma coisa!

TONHO disse...

Vá lá, digam ao Atum obrigado. Fica bem a todos. Acho eu mesmo que tinha por obrigação em saber muito mais sobre Casegas. Mas,enfim, viva a "biodiversidade" no sentido de que todos podemos aprender uns com os outros. E era importante que os broncos ou trambolhos também aprendessem alguma coisita. Já não era mau! ... E que chegassem à conclusão que afinal estes "filhos da mãe" ainda vão sabendo alguma coisa. Mas se estiverem à espera que eles mudem ... enganem-se. Bronco é sempre bronco. Não há mesmo hipotese ... Acho, no entanto, que o caminho está certo. Continua Atum ... Tonho

Festivaleiro disse...

Ó peixe espada não achas que também já tás a pedir de mais?

Tens razão quando dizes que este cruzeiro veio substituir o antigo, mas tal como tu próprio afirmas o cruzeiro antigo desapareceu entre paredes e fornos, pelo que o actual é completamente novo, daí que não exista formalmente nenhuma obrigação para com o anterior!!!

Além disso não podemos estar sempre presos às regras do passado: muito do que já foi não pode voltar a ser.

Quanto aos azulejos da fonte deixa-me que te diga que prefiro ver assim do que a porcaria que tava antes, pois estava extremamente degradado.

Nem 8 nem 80.
Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar.

atumnespereira disse...

O problema não é que se recupere. Eu começo o artigo dizendo exactamente que essa é uma obrigação de quem comanda a junta. O problema é o voluntarismo com que se fazem as coisas e que leva a fazer disparates que saem por vezes mais caros. Para mim o cruzeiro, neste momento não passa de um objecto novo e que não cumpre a função para que existiu, por isso o nomeio de decorativo. A placa que apresenta, sou da opinião que a existir, devia nomear as pessoas ou pessoa que estão por detrás do trabalho e não o corta fitas. É só isso. Não sei se conheces o ditado que diz que não se deve atirar fora a àgua do banho com o bébé lá dentro. Infelizmente isso tem acontecido vezes de mais em Casegas.

atumnespereira disse...

Como quando à Capela das Almas, caiu o telhado, e embora grande parte do tecto tivesse ruido, somente se haviam perdido três dos apóstolos que estavam pintados nele. Eu que fiz o eventário das coisas que sairam da capela e que foram guardadas em vários sítios, como estudava nas Belas artes e tinha museologia, oferecí-me para meter férias, quanfo fosse para desmontar o tecto. Eu vinha e iventariava-mos todas as tábuas para se poder fazer a recuperação. Passado uns tempos, soube que tinham sido vendidas para lenha...