sábado, janeiro 20, 2007

A triste realidade do aborto em Portugal

Por ano, milhares de mulheres portuguesas continuam a pedir um número de telefone clandestino para fazerem um aborto.

Cada vez maior número de mulheres vão a Espanha para interromper uma gravidez. Também a utilização de medicamentos abortivos, feita sem qualquer acompanhamento médico, tem vindo a aumentar.

Portugal é o segundo país da União Europeia com maior taxa de maternidade na adolescência. Em 2000, cerca de 7500 jovens portuguesas com menos de 19 anos foram mães. Segundo o Relatório Ganhos de Saúde em Portugal, publicado em Março de 2002, a gravidez na adolescência até aos 16 anos, faixa etária em que o nascimento de um filho não planeado pode acarretar maiores dificuldades, é preocupante, especialmente junto de minorias sociais que abandonam a escola.

O aborto clandestino e inseguro continua a ser praticado, com graves riscos para a saúde das mulheres. Não sendo possível, em termos estatísticos, visualizar a realidade do aborto clandestino em Portugal, existe, no entanto, um estudo realizado por três médicos: Carlos Matias, Isabel Marinho Falcão e José Falcão, que aponta para os 40 mil abortos ilegais por ano.

Outras estimativas (OMS - Organização Mundial de Saúde) apontam para um número inferior, cerca de 20 mil abortos por ano, legais e ilegais (20% dos nados-vivos), sendo que a esmagadora maioria são abortos ilegais, dado os limites impostos pela actual lei e as dificuldades e aplicá-la. Em Portugal, no ano 2000, praticaram-se 574 abortos legais. O último Inquérito Nacional de Fertilidade, de 1997, referia que 7% de todas as mulheres portuguesas em idade fértil já tinham abortado - umas 180 mil.

Um número crescente de mulheres vão abortar a Espanha. Em contacto telefónico com apenas 19 das 60 clínicas privadas que praticam a interrupção voluntária da gravidez, contabilizaram-se 3200 mulheres portuguesas que anualmente recorrerm a essas clínicas. Desde 1999 que triplicou o número de portuguesas atendidas nesses serviços.

A utilização de fármacos como o Cytotec, sem qualquer acompanhamento médico, torna-se uma realidade crescente em muitos bairros sociais, onde um comprimido, no "mercado negro", pode atingir os 30 a 60 contos. Dado que o recurso a uma parteira fica mais caro (80 a 100 contos), existe uma tendência para uma maior utilização deste tipo de medicamento, o que resulta em abortos mal acabados e entradas nas urgências dos hospitais por hemorragias não controladas.

Um estudo da Associação para o Planeamento da Família (APF) em oito bairros sociais das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto revelou que 30% das mulheres desses bairros já tinham abortado. A grande maioria apenas tinha feito um aborto, mas 18% tinha feito dois e 12% três ou mais abortos. Uma em cada cinco mulheres que tinham abortado referiram que tiveram complicações posteriores.

em www.euvotosim.org

1 comentário:

Festivaleiro disse...

Eh pá, és um chato Egas. Já te tinha dito que votava sim...