sexta-feira, janeiro 18, 2008

"Quem vai para o mar, avia-se em terra" parece ser o lema do CHCB!




Um episódio (de muitos), no mínimo insólito no CHCB.

Para não citar nomes, vamos chamar as utentes em questão por Manuela Penca Roxa, Joaquina Frieiras, Felizberta Bate o Dente e Zulmira Desenrasca e Arreganha.

Estas quatro utentes encontram-se hospedadas na estância hospitalar de luxo da Cova da Beira, onde se quer fazer passar a imagem de que tudo está bem, chegando ao ponto de ignorar os pedidos do livro de reclamações aos utentes, já que os profissionais que ali laboram não podem fazer, pois já sabem o que os espera...Mas sussurram pelos corredores “tá aqui um gelo neste 3º Piso”.

Manuela Penca Roxa que tocava trompa todo o dia, pois a máscara de oxigénio, era desajustada e o solfejo desafinado era inevitável. Hoje já lá não estava, ou teve alta ou já passou para a refrigeração definitiva ou quiçá foi tocar trompa para fanfarra dos anjinhos. Sempre disse que aquela mulher havia de ser música de futuro!

A dona Joaquina Frieiras esta na passiva coitada…as grandes dores são mudas! Uma paz de alma! Pacata, não se queixava de nada por mais frios que tivesse os pés!

Felizberta Bate o Dente teve mais sorte, houve uma alma com o termómetro biológico em funcionamento que lhe trouxe aquecedor de casa e lá se safou durante o resto da estadia de luxo. Menos sorte teve com a àgua, pois Felizberta também é unsuficiente renal e...tens àgua especifica recomendada? Se não queres da torneira traz de casa!

Por fim, a desconcertante Zulmira Desenrasca e Arreganha, recém chegada, mulher de fibra!
Esta é que veio entornar o caldo todo!
Mais uma com problemas respiratórios…pouca sorte! Mas a pouca sorte de Zulmira não fica por aqui…Como se não bastasse os problemas de saúde, os ventiladores também estavam esgotados, uma espécie de maquineta que lhe aspira o dióxido de carbono dos pulmões. Teve de mandar trazer um de casa com os respectivos filtros (carissimos) e o imprescindível aquecedor claro, importantíssimo, que um familiar prontamente providenciou no Hipermercado e trouxe à estância de luxo juntamente com a televisão!

Mas Zulmira Desenrasca e Arreganha, batuta nestas andanças, não se ficou! E fez muito bem! Andou três dias a pedir o livro de reclamações, três dias lho recusaram e três dias lhe disseram incrédulos “ainda não o trouxeram?!”. Pediu-me auxilio. Estava frio, não a deixavam reclamar. Parece mal sabem, uma estância tão (aparentemente) luxuosa numa cidade de industriais de lanifícios, onde toda a gente veste bem! Num país tão desenvolvido…reclamar ali? Nem pensar! Reclamem pó boneco!

Naquele momento o que senti foi revolta e antes de rebentar, deixei-me estar por ali mais um pouco a ouvir lamentos e lá acalmei um pouco. Acabou a hora da visita, toca a andar! Deixei-lhe a promessa de lhe fazer chegar o malfadado livro!

Ainda tentei saber o que se estava a passar junto de uma simpática profissional de enfermagem, mas depois…naaa, isto assim não vai lá! Os profissionais que ali labutavam, também se lamentavam, mas a arrogância é tanta que ninguém os ouve! Dirigi-me ao discreto gabinete do utente, situado no piso 0 onde se encontravam um jovem e uma senhora, questionei-os acerca do sucedido ao que me responderam “não tomámos conhecimento, aqui não chegou nada”. E eu cá com os meus botões “mau, alguém aqui anda a aldrabar”. Bem, mas tinha de resolver o assunto de alguma maneira e uma promessa a cumprir.

Então, para ver o fundo ao tacho, resolvi fazer o seguinte trato com os senhores:

- Fazemos assim, eu peço-lhes que levem logo que possam o livro de reclamações à senhora e amanhã volto cá. Se amanhã a senhora me voltar a dizer que lhe recusam o livro de reclamações, eu volto aqui e reclamo eu de quem não der encaminhamento à situação. E ficou assim combinado.

Voltei no dia seguinte, a dona Zulmira Desenrasca e Arreganha estava mais animada!
Já a tinham deixado reclamar! Veio também um senhor, daqueles que mandam mais, feito salvador da pátria porque deve ter ouvido trovões, dizer que lhe pagavam o aquecedor e que a situação iria ser resolvida (como se não estivesse já assim há anos! O brincalhão!). O senhor parecia furioso com toda a gente, como se afinal as ordens não emanassem de cima e os coitados dos médicos, enfermeiros e auxiliares que também batem dente naquele piso, não andassem ali a cumprir ordens da administração. Enfim...o vulgo “sacudir o capote”, parece bem, dá um ar de competência!
Em relação ao ventilador, até ver, parece que ainda não há novidades! Afinal estamos no país dos desenrascas!
E lá ficou Dona Zulmira Desenrasca e Arreganha mais animadita ligada aos seus tubos! As ultimas palavras que me dirigiu a sorrir foram “olhe ali- apontando para a cabeceira da cama- os tubos atados com uma baraça! Só visto!”. Encolhi os ombros e comentei “isto é incrível!”. Sorri, desejei-lhe as melhoras e vim embora.
E assim acabou a minha aventura na estância de luxo da Cova da Beira


Moral da história: quando temos razão e não nos calamos, somos recompensados. Afinal é o nosso dinheiro que gastam e o hospital não é o mar!

As melhoras "Zulmira", para os pulmões claro, pois da cabeça, tomara que todos andassem como a senhora! Ganda Mulher!




3 comentários:

DiasBrancoBernardoCosta disse...

Não os chamo nomes...por agora!

Anónimo disse...

Tristeza.-- enfim...

Anónimo disse...

É uma pouca vergonha este país...realmente.
Boa noticia!