Em 1967, quando trabalhava como professor de Religião e Moral num liceu do Porto, foi forçado a ir para a Guiné por ter apoiado "actividades subversivas" como ser favorável ao movimento associativo estudantil. Esteve lá menos de um ano. Por pregar o direito dos povos das colónias à independência, foi expulso do cargo de capelão e regressou a Portugal. É este o segredo da resistência ao autoritarismo e à opressão? Quando nos castigam por algo que pensamos ou dizemos, fazer ainda pior?
Não direi própriamente: "fazer ainda pior". Para mim, o segredo da resistência ao autoritarismo e à opressão é ousarmos ser cem por cento humanos, sem nunca recuarmos, sejam quais forem as circunstâncias. Porque se, perante esses e outros males, recuamos em humanidade, podemos acabar transformados em minhocas, em coisas, em meros funcionários. O autoritarismo e a opressão nunca podem ser acatados por ninguém, indivíduo ou povo, que se preze. Têm que ser combatidos. Sempre. Com muita imaginação e inteligência. Uma das maneiras mais eficazes de atacar esses males é praticar a resistência activa perante eles. Ninguém pense que é coisa fácil ser homem, ser mulher, dentro da presente Ordem mundial neoliberal do Império. Não é. O que é fácil, mas também ignóbil, é regredirmos até nos tornarmos capacho de quem é autoritário e opressor. Mas também neste particular, o Sistema não tem podido nunca contar comigo. É por isso que o meu itinerário de vida foi e continua a ser tão atribulado. Mas é o itinerário de vida de um homem saudavelmente dissidente, activamente resistente, insubmisso, insubornável, solidário, irmão universal.
Não perca próxima conversa com padre Mário:
"O que aconteceu em Fátima a 13 de Maio de 1917?"
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