NB: Pela intemporalidade que oferece, o canto de Manuel Alegre serve de poética a gerações diferenciadas mesmo pela ideologia. Recusamos, ontem, o país que nos era oferecido. Recusamos hoje um país que referencia uma mera democracia formal, continuando, assim, a oferecer à generalidades dos seus cidadãos uma vida sem dignidade.
Querida Sophia: como os índios do seu poema
também eu procurei o país sem mal.
Em dez anos de exílio o imaginei
como os índios utópicos também eu queria
um outro Portugal em Portugal.
Mas quando regressei eu não o vi
como eles me perdi e nunca achei
o país sem mal
Talvez a própria vida seja isto
passar montanha e mar sem se dar conta
de que o único sentido é procurar.
Como os índios do seu poema eu não desisto
sou um português errante a caminhar
em busca do país que não se encontra.
Do "Livro do Português Errante"
M. Alegre
in blog REGINOT
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