Muita da "loiça normal", usada em Casegas vinha dos oleiros do Telhado. Contudo, outros centros de produção forneciam as famílias de Casegas. Hoje vou apresentar loiça de Miranda do Corvo, que era trazida pelos almocreves que percorriam a estrada do Sal, ou então era trazida pelos peregrinos que iam à festa da Senhora das Preces.
A loiça de Miranda do Corvo era muito boa para assar coisas no forno. era resistente aos choques térmicos e quando era brunida como é o caso desta assadeira era muito decorativa. Esta cor natural preta, não lhe é dada pela cor do barro, que é vermelho, mas por uma operação que se faz durante o processo de cozedura da loiça. O nome técnico dessa operação é "Redução" e consiste em reduzir bruscamente a temperatura dentro do forno onde estão as peças a cozer. Para efectuar esta operação havia várias técnicas mas a mais usada é introduzir ramas verdes dentro do forno. Como a introdução de matérias verdes e a própria abertura do forno, provocam um abaixamento da temperatura das peças, estas, que estão ao rubro, chupam o ar que existe dentro do forno que é constituído pelo fumo negro libertado pelas ramas verdes em combustão.
As peças ficam então com esta cor negra característica. As peças brunidas ficam por vezes com uns brilhos metálicos. Se estas peças voltassem ao forno do oleiro e fossem cozidas de novo, voltariam a ser vermelhas, devido à combustão do carbono que se havia infiltrado na operação anterior. O choque térmico provocado pela "Redução", capacita estas peças para resistirem bem ao forno
Legenda: Fig.1 Assadeira, fig.2 e 3 Assadeira de chanfana
No primeiro caso serviam as mais pequenas para coelhos e as maiores para cabritos.
No segundo caso, servia para assar cabra velha no forno do pão. A típica chanfana.
No primeiro caso serviam as mais pequenas para coelhos e as maiores para cabritos.
No segundo caso, servia para assar cabra velha no forno do pão. A típica chanfana.
2 comentários:
João tens mas é que te juntar com o Manjedoura. É que pode ser interessante ver todos estes artigos que tens vindo aqui a divulgar/expôr, mas nada supera vê-los no seu ambiente natural: na cozinha, cheios de comida!
Só de imaginar já me vem água ao bico.
Correctissimo João, a origem mais exacta da Chanfana é mesmo Miranda do Corvo, a mesma terra dos teus "Caçoulos".
Egas, tu não sabes, mas o João, um curiosíssimo das artes,tem um bicho de insatisfação e que a arte da culinária não lhe é indiferente. Há uns tempos apareceu-me aqui com uma receita de uns "Burlhões espanhóis" confeccionados também no estômago das tchibas (vou deixar de escrever estes termos entre aspas definitivamente, penso que devíamos instituir o Caseguês com a ajuda do Almocreve e outros), cujo recheio é muito semelhante ao NOSSO (e não só da Erada) Cabrito Recheado.
Mas olha que tal fusão poderá estar para breve e a grande escala!
Vou apresentar proposta junto da direcção da C.Povo para que integremos no plano de actividades para 2008 um mega evento em que a gastronomia, entre outras surpresas, não ficará de fora.
Estava previsto qualquer coisa do género para este ano, mas como sabes, cumprirmos o nosso ambicioso plano em tão pouco tempo, não nos foi possível e sempre estivemos conscientes que é uma meta difícil, mas não impossível de alcançar, apesar das contrariedades. Para o ano melhoramos.
Um abraço João aí para Castilla e obrigado por este pedaço.
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