"Braudel já pensava que a história não muda ao ritmo das necessidades sociais. Vamos ter que nos assoar durante muito tempo com a mesma trampa de sempre: Infelizmente!!!...Por alguma razão GUERRA JUNQUEIRO foi excluído dos programas escolares....É um autor inconveniente em tempo de conformismos...Incomoda, não é? Pois é!!!!!
Diz-se (dizemos) que estamos em maré de grandes vultos da escrita portuguesa e das suas opiniões acerca da política portuguesa.
Vejam, porém, o que Guerra Junqueiro dizia do comportamento do povo português e dos partidos políticos maioritários da altura (dois, por sinal...), e como hoje, passados mais de 100 anos, tal testemunho se aplica sem necessidade de alterar uma virgula que seja....
'Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
[.] Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.
A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.
Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar.'
Guerra Junqueiro 1896"
Boa malha Casimiro!
Urge tocar nas feridas e denunciar a cambada de pantomineiros e sevandijas do Guerra Junqueiro. Há que correr com eles e começando já em 2009, acabando com estas maiorias "democráticas" que camuflam estes pequenos ditadores sem escrúpulos que fazem definhar o país aos poucos, para que esta gentinha, os malandros e os compinchas do clube Bilderberg se banquetearem alternadamente à custa do povo.
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