sexta-feira, setembro 26, 2008

Á conversa com Padre Mário

KAOS

2008 SETEMBRO 26

A reitoria do santuário de Fátima mudou de mãos. Saiu o Padre Luciano Guerra, entrou o Pe. Virgílio Antunes, da mesma Diocese de Leiria-Fátima. A cerimónia da passagem do testemunho da vergonha e da mentira decorreu ontem na nova basílica, a tal que custou 80 milhões de euros. Lá dentro, houve a missa da praxe, e, dali, a cerimónia passou para a assim chamada "capelinha das aparições", onde o novo reitor empossado fez uma declaração-consagração absolutamente patética e teologicamente delirante, endereçada à imagem da deusa que ali é adorada por uns cinco milhões de pessoas cada ano, quase sempre as mesmas, as quais, enquanto não se libertarem dos medos e dos traumas que carregam desde a infância e até já herdaram nos seus genes, e não conseguirem que lhes saia o euromilhões, nunca desistirão de continuar a correr para lá, numa macabra romaria com tudo de auto-flagelação pública. Houvesse um pingo de vergonha e de dignidade humana nas palavras e nos actos dos eclesiásticos fatimistas, a começar, obviamente, no Bispo da Diocese, e o novo reitor seria, ali mesmo, destituído de funções. As coisas que disse, em forma de oração endereçada àquela imagem com tanto de branco como de cruel, é de bradar aos céus e à terra. Foi uma oração com todos os ingredientes das orações que os sacerdotes dos primitivos cultos do Paganismo religioso endereçavam às suas deusas e aos seus deuses de mentira e de opressão. Foi uma consagração típica de um clérigo a quem proibiram os afectos e roubaram a liberdade de casar e de ter filhos, capaz, por isso, de fazer chorar as pedras, tão teologicamente beata, insensata e delirante ela foi. A presidir a toda esta encenação que ajuda a esconder tudo o que em Fátima há de "sujo" e de "indigno", de perverso e de demoníaco, esteve o Bispo titular da diocese, acompanhado de mais três bispos eméritos e cerca de uma centena de sacerdotes. As restantes centenas de pessoas presentes foram as habituais nestes actos irracionais, as multidões fatimodependentes que nunca dispensam pitada do que ali se passar, pois são multidões que sentem uma patológica atracção por tudo o que é sofrimento, dor, depressão, tristeza, luto, doença, humilhação, cheiro a cera queimada, mau gosto, rezas mecanizadas. Incapazes de se assumirem como pessoas humanas, livres e protagonistas da História, realizam-se assim com este tipo de manifestações, as mais absurdas e as mais aberrantes e deprimentes. Ao que sempre dizem como numa cassete gravada, estas manifestações deixam-lhes uma sensação de bem-estar, de paz, de consolo, de repouso. Mas são o bem-estar, a paz, o consolo e o repouso que sempre sentem todos os deprimidos quando topam e entram em espaços e universos como o de Fátima, encharcados de ópio religioso por todos os lados, sem um centímetro quadrado de lucidez e de bom senso, de dignidade humana e de sapiência, aquela que resulta da Verdade que nos faz livres e da Liberdade que nos faz mulheres e homens como Jesus, cheios de Espírito Santo, por isso, cheios de ternura e de afecto criadores e libertadores que, ao contrário das fatimodependentes, vivem(os) para libertar e curar as multidões que continuam aí possessas deste tipo de "demónios" e de outros ainda muito mais agressivos e violentos que se fazem passar por "Ordem Mundial". Sabemos bem que é por aqui, por esta via da lucidez e da dignidade humanas, que vão as pessoas que vivem a mesma Fé de Jesus. Nunca serão muitas, porque é manifestamente um viver histórico de alto risco, onde se pode perder a vida e sempre ou quase sempre se perde o bom nome. As maiorias preferem a Fé religiosa, ópio do povo, pura alienação, idolatria, alimentadora de deprimidos. Fátima e a imagem da sua deusa é por aí que navegam e, por isso, são multidões as que correm para lá. Nunca a Igreja que se reclama de Jesus poderá estar com "aquilo", mas, como se vê, continua lá enterrada até aos ossos. É o cúmulo da traição a Jesus, à sua via, ao seu Espírito. E à Humanidade. Podem juntar-se lá os bispos todos de todo o mundo, os cardeais e até o papa de Roma. Nem assim a Mentira passa a ser Verdade. Continuará a ser Mentira. Quem sai a perder é a Humanidade, são os Povos da Terra, é a própria Igreja católica. Parece que a Igreja católica ganha, porque tem com ela multidões, mas sai sempre a perder. Estrondosamente. Porque aquelas que lá vão, são multidões que fogem da Fé de Jesus, porque esta, ao contrário da fé religiosa que as adormece e anestesia, "puxa" por elas para que elas deixem de ser como ovelhas sem pastor e passem a ser pessoas humanas com Espírito, pessoas com dignidade, pessoas livres e autogestionárias, outros Jesus, hoje e aqui. E isso essas multidões fatimistas não querem. Preferem as deusas e os deuses da sua alienação, gemer e chorar a vida inteira, assumir a vida como um dramático e trágico destino, um castigo, um penar, um sofrer sem fim. A dignidade humana, a liberdade, a sapiência, a lucidez, a alegria, a plenitude de vida custam muito, nomeadamente, neste século XXI totalmente dominado pelo Império do Dinheiro e pela Demência-demência, onde tudo se compra e se vende, até as pessoas. Este, por isso, é o tempo maior da Idolatria. E em tempos assim, nem os intelectuais resistem e passam-se (quase) todos para o bando do Império do Dinheiro e da Demência-demência, a troco de sucessivos pratos de lentilhas. O Pe. Luciano Guerra, se quisesse ver as coisas do direito e não do avesso, do lado da Verdade e não da Mentira, teria muito para nos revelar num livro de Memórias que deveria escrever, depois destes 35 anos como reitor do santuário maior da Mentira e do Crime. Diriam, se ele tivesse semelhante audácia, que estava louco e senil. Infelizmente - oxalá eu me engane! - nunca ele será capaz de tamanha dignidade. Morrerá, por isso, na Mentira que ajudou a alimentar todos estes anos de reitor. Poderá, inclusive, vir a ser beatificado e até canonizado um dia, porque os mentirosos reconhecem-se e encobrem-se uns aos outros. Para seu mal. E para sua vergonha. Porque só a Verdade, como diz Jesus, o do Evangelho de João, nos faz livres e dignos, ainda que oficialmente humilhados e amaldiçoados pelos profissionais da Mentira e da Idolatria que estão nos lugares-chave das instituições religiosas e dos Executivos das nações. O Pe. Virgílio Antunes que lhe sucede receberá as mesmas "instruções", ficará de posse do mesmo "segredo". Será, certamente - oxalá me engane! - um eficiente actor eclesiástico, nunca um Homem, o Homem. E, assim, o dinheiro sujo e outros negócios perversos poderão continuar a passar pelos corredores e pelos subterrâneos de Fátima, cujos dois santuários, juntamente com a capelinha da Idolatria ajudarão a encobrir. A mim, não enganam eles. E a muitas outras pessoas mais do país e do mundo que já não embarcam naquilo. Saibam, entretanto, que de tudo aquilo não ficará pedra sobre pedra, quando, finalmente, chegar a Humanidade sapiente-sapiente, hoje, ainda em vias de criação na História. Jesus, o de Nazaré, a quem crucificaram, é já essa Humanidade sapiente-sapiente. Por isso, ninguém o vê por lá, ainda que alguns sacrilegamente invoquem o seu nome. A ele, garanto-lhes eu, nunca o verão por lá. E, se alguma vez o virem, só poderá ser no corpo das vítimas de tudo aquilo, nunca nos seus carrascos, nos seus verdugos, nos seus algozes, nomeadamente, nos clérigos de proa e nos outros seus subalternos que, em vez de Evangelho de Deus, insistem em dar às populações imagens-de-senhora-de-fátima, o que perfaz um crime sem perdão. O crime que Fátima é, desde Maio de 1917. Apareça o primeiro teólogo jesuânico a desmentir-me!

Padre Mário

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