Correio do Leitor enviado por "Joaquim Até Ver"
No últimos anos os nossos autarcas, não sei se contagiados com os maus exemplos que por aí abundam, elegeram o Fernando a podador-mor, quiçá orientado por algum capataz licenciado na Independente em “Copas mal formadas e gomos adventícios.”
Um dos plátanos que está junto à fonte da Eira tem os dias contados e os outros não vão ter melhor sorte. As árvores excessivamente podadas ficam quase sempre deformadas e susceptíveis a podridões.
No lameiro da ribeira, as podas praticadas contrariam a forma natural das árvores, e jamais veremos a exuberância e esplendor dos “prunus serrulata” e “liquidambar styraciflua”, algumas das espécies ali existentes.
Seguem-se alguns excertos do texto "Se as árvores falassem"*, da autoria do Dr. Francisco Coimbra, e que é uma lição sobre as árvores no ambiente urbano.:
«As árvores que dignificam as nossas praças e avenidas e embelezam os nossos jardins e parques são um elemento essencial de qualidade de vida, autênticos oásis no "deserto" que são tantos dos nossos espaços urbanos actuais. E, no entanto, é por demais evidente a ainda quase absoluta ausência de sensibilidade para o papel da Árvore em Meio Urbano. (...)
De facto, é inacreditável como certos preconceitos sobre a poda de árvores ornamentais estão arreigados nos responsáveis pela sua gestão e manutenção. É frequente ouvirmos dizer, como justificação, que as "podas" radicais, ou "rolagens", rejuvenescem e fortalecem as árvores, ou que são a única forma económica de controlar a sua altura e perigosidade... quando, na verdade, devia dizer-se de uma poda o mesmo que de um árbitro: - tanto melhor quanto menos se der por ela! (...)
2. Fortalece-a? - NÃO, a poda radical é um acto traumatizante e debilitante, uma porta aberta às enfermidades. (...)
3. Torna-a menos perigosa? -NÃO, estas "podas" induzem a formação, nos bordos das zonas de corte, de rebentos de grande fragilidade mecânica, pois têm uma inserção anormal e superficial no tronco. (...)
4. É a única forma de a controlar em altura? - NÃO, a quebra da hierarquia -que estava estabelecida entre os ramos naturalmente formados - permite o desenvolvimento de novos ramos de forte crescimento vertical, mas agora de uma forma desorganizada e muito mais densa! (...)
5. É mais barata? - NÃO, se a gestão do património arbóreo for pensada a médio e longo prazo! (...)»
Bem, e melhor que o Professor Gonçalo Ribeiro Telles, ninguém o poderá expressar:
«Qualquer supressão de que resulta um aspecto definitivamente mutilado da árvore deve considerar-se inadmissível visto comprometer definitivamente a finalidade estética da planta ornamental. É preferível nesse caso a supressão pura e simples do indivíduo. Apenas se exceptuarão os casos raros de indivíduos ligados a factos históricos ou quando se pense que seja possível uma reconstituição aceitável da planta.
Normalmente os cortes devem fazer-se de modo a não se notarem. O maior elogio que se pode fazer a um podador de árvores ornamentais é que não se perceba que a árvore foi podada. A forma da árvore é perfeita e portanto não é necessário corrigi-la no sentido estético nem fisiológico.»
«Se não há espaço para a árvore é preferível plantar só o arbusto, ou mesmo só a flor e não contar depois com a tesoura para manter com proporções de criança o gigante que se escolheu impensadamente.»
in "A Árvore em Portugal" de Francisco Caldeira Cabral e Gonçalo Ribeiro Telles (Assírio & Alvim, 1999. 2ª ed.) p. 161
6 comentários:
E quand vireinds a valetas in paraleles asmintedas, atão é q´inds fker pasmeds. Mesm à alfrepidesca!
Esperaind que log veinds!
No calor de Eleições e das promessas eleitorais , com o argumento que o pólen fazia mal a uma ”apoiante”, lá se abateu um dos plátanos que estava ao fundo da Quelhinha.
A tacanhez e ignorância estão agora a liquidar os restantes a coberto de podas inúteis e já o Verão vai adiantado quando se beneficia da sua sombra.
No Verão as poucas árvores que estão nos taludes da estrada para o Ourondo bem anseiam por uma pinga de água mas parece que só chega para um “ jardinzeco” que está no Chão do Moinho.
Muita sede passam também as árvores do lameiro da ribeira com a água ali tão perto.
E o jardim da Igreja?
E o jardim da capela de Santo António ?
E as árvores do recinto do anjo da Guarda ?
Triste sina a nossa.
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poemas sobre as árvores
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Cada árvore é um ser para ser em nós
Cada árvore é um ser para ser em nós
Para ver uma árvore não basta vê-a
a árvore é uma lenta reverência
uma presença reminiscente
uma habitação perdida
e encontrada
À sombra de uma árvore
o tempo já não é o tempo
mas a magia de um instante que começa sem fim
a árvore apazigua-nos com a sua atmosfera de folhas
e de sombras interiores
nós habitamos a árvore com a nossa respiração
com a da árvore
com a árvore nós partilhamos o mundo com os deuses
António Ramos Rosa
No Paúl cortaram o plátano vitima de embate de condutor descuidado, para não dizer outras coisas (com todo o respeito pelas familias), mas por que carga de água foi a árvore cortada?
Cambada de broncos.
Amputaram os nossos plátanos e agora com os paralelos aplicados com cimento que água chegará às raízes ?
Estamos entregues aos bichos
Bem, eu não diria paralelos aplicados com cimento...Por acaso também constatei, mas diria mais cimento. Não existe qualquer paralelo! A não ser quem aplicou o cimento ou deu orientação para tal aberração. Esses sim os verdadeiros paralelos!
A existência de blogues que denunciam este tipo de situações é um primeiro passo para mudar esta situação...que é difícil de mudar, não apenas pela ignorância dos que nos governam, mas porque estas "podas" são aceites pela maioria da população:
- Por vezes por "bons "motivos, ou seja, porque acreditam que estas fazem bem às árvores (embora na realidade estas vão provocar a morte lenta da árvore);
- Outros por pura maldade e estupidez: porque as árvores lhes tapam a vista para a marquise do vizinho; porque os pássaros lhes sujam os carros; porque as folhas entopem as sarjetas...enfim, tudo serve de desculpa...
Já agora, para desmistificar a questão das alergias... a poda das árvores aumenta a floração das mesmas, logo a produção de pólen! Além de que as plantas que provocam mais alergias são as gramíneas, como os cereais, mas ainda ninguém ponderou a hipótese de se deixar de plantar o centeio e o trigo!
Acresce que por vezes as árvores são mal escolhidas na hora de serem plantadas; ou então, plantam-se demasiadas para o espaço existente; é a tradicional falta de planeamento à portuguesa!
Continuem a denunciar esses atentados e a fazer ver às pessoas porque estão erradas.
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